A transição da Educação Pré-escolar para o 1.º ano

Estamos na fase final do ano letivo sendo esta uma altura de muita responsabilidade no que respeita à entrada no 1º ano. A situação de pandemia que vivemos deixou os cuidadores sobrecarregados com funções de ensino que são geradoras de grande ansiedade.

Mais do que nunca as preocupações, os medos, as dúvidas dos pais começam a surgir: “Estará o meu filho preparado para o 1º ano?”.

É consensual que a maioria das dificuldades de aprendizagem em idade escolar poderiam ter sido identificadas em idade pré-escolar. Assim, deixamos um conjunto de pré-requisitos académicos importantes para que a aprendizagem nos primeiros anos decorra de forma tranquila contribuindo para o bem-estar da criança e da família.

É fundamental que a criança apresente maturidade cognitiva, social e emocional, sendo capaz de se autorregular emocionalmente. A Regulação Emocional diz respeito à capacidade da criança em compreender as suas emoções, bem como as dos seus pares, para poderem comunicar os seus sentimentos. Esta capacidade engloba três dimensões: emocional, cognitiva e comportamental, o que exige que as crianças se acalmem, refocalizem a sua atenção e o raciocínio para a resolução de problemas, e modifiquem a expressão, pensamentos e comportamentos de acordo com a experiência emocional e as regras culturais instituídas. Ao iniciar o 1º ciclo esta capacidade é determinante para que a criança consiga tolerar a frustração, ser resiliente, sentir curiosidade em apreender e perceber que existem momentos de brincadeira e momentos de aprendizagem. A criança deverá ter a capacidade de aguardar, de se integrar e trabalhar e brincar em grupo, tudo isto são aspetos de maturação social e emocional.

A Autonomia é também um pré requisito importante nesta fase, uma vez que a criança deverá ter capacidade de se concentrar, isto é, direcionar a sua atenção e manter-se focada na tarefa. Assim como, capacidade em estar sentada e realizar tarefa sozinha.

A linguagem é um caminho contínuo para a aprendizagem da leitura, por este motivo é essencial que as capacidades linguísticas se encontrem dentro do esperado para a idade. Assim, a criança deverá apresentar um vocabulário diversificado, expressar frases gramaticalmente corretas, apresentar capacidade para se abstrair do significado das palavras e perceber que elas são constituídas por sons que têm uma representação escrita. É esperado que a criança tenha conhecimento de algumas letras do alfabeto (vogais e algumas consoantes). Já não é suposto que a criança “troque sons” ou “seja trapalhão” a falar.

A nível da motricidade fina é esperado que consiga pegar corretamente no lápis e que compreenda o sentido direcional da escrita (da esquerda para a direita), que consiga escrever algumas letras respeitando o tamanho, a direção e a forma e que consiga escrever o seu nome.

Outras competências psicomotoras significativas para o sucesso escolar são a orientação espacial e perceção visual (discriminar formas, símbolos, letras e palavras espacialmente semelhantes) e a noção temporal (compreender os conceitos de manhã, tarde, noite; ontem, amanhã, compreender os dias da semana, os meses do ano; as estações do ano; saber o dia do seu aniversário)

Quanto à matemática, é importante que a criança conte até pelo menos dez objetivos e diga quantos são, que saiba selecionar o número a que corresponde e que consiga resolver problemas simples, como “O Miguel tinha dois piões. A avó deu-lhe mais dois. Com quantos ficou?”.

Se tiver alguma dúvida, a equipa Clínica Lar da Criança estará disponível para o ajudar e orientar nesta fase de transição.