Definir o que é sujo ou limpo poderá não ser de imediata resposta, pois esta definição depende de perceções pessoais, fortemente influenciadas pelo contexto, idade e vivências individuais de cada um.
Generalizando, os hábitos de higiene, de cuidados com o corpo e do ambiente em que nos movemos e vivemos são muito importantes para todos nós, e fazem-nos despender tempo diário com os mesmos.
Quando falamos sobre este assunto, sentimos até algum orgulho na nossa forma de estar e agir relativamente ao mesmo. Mas hoje, o desafio que coloco, é precisamente refletir sobre quando é que o lado bom da higiene se torna nocivo ou excessivo, e que interfere com o desenvolvimento das crianças e com a sua liberdade para explorar e conhecer o mundo.
Todas as crianças deviam poder brincar e sujar-se todos os dias em contacto com a natureza. Brincar livre na natureza pressupõe que a roupa vai ficar suja, marcada pelo contacto com a terra, a areia, a água, a lama… esta possibilidade, além de uma sensação de liberdade e enorme alegria, proporciona outros benefícios como o aumento do sistema imunológico, a perceção sensorial e o próprio desenvolvimento do raciocínio.
As crianças que constantemente ouvem que é errado sujar-se, tendem a apresentar tensão no corpo e aversão à exploração sensorial, e também dificuldades para certos tipos de aprendizagem. Como irão descobrir o mundo, se não podem experimentá-lo com todos os sentidos?
Está enraizado que um espaço cheio de terra, areia, folhas caídas está sujo, ou não é verdade que áreas com chão de terra, em parques ou jardins, as folhas caídas são varridas para passar a imagem de área cuidada e limpa?
Por outro lado, dentro de casa a limpeza é realizada com produtos altamente tóxicos, muitas vezes causando alergias, sem que nunca se perceba o que as causa. A roupa é lavada com detergentes e amaciadores que, apesar de terem um cheiro agradável, poderão ser também tóxicos para a pele e vias respiratórias.
Se tudo isto faz algum sentido para vós, deixo aqui algumas dicas que podem mudar a perspetiva sobre este assunto:
Que tenham muitas “brincadeiras sujas”… e sejam felizes!
(texto adaptado do original de Ana Carolina Thomé e Rita Mendonça)

